A IMPORTÂNCIA DO USO DE METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS NA TOMADA DE DECISÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS-ENERGÉTICOS OFFSHORE NO BRASIL

  • Giovanna de Castro Silva Universidade Federal do Ceará
  • Regina Balbino da Silva Universidade Federal do Ceará
  • Adryane Gorayeb Universidade Federal do Ceará
  • Christian Brannstrom Faculdade de Geociências da Texas A&M University

Resumo

A produção de energia eólica offshore tem se intensificado de forma rápida e eficiente por diversos países, sobretudo na Europa. No Brasil, os projetos de implantação dessa modalidade são incipientes, mas com vigor para uma maior ascensão no país. No desenvolvimento offshore o primeiro desafio refere-se à definição de locais propícios para os parques. Esse processo de escolha é conhecido como siting pela literatura científica internacional. Com base em uma revisão da literatura, este artigo discute sobre o processo de critérios de localização de parques eólicos offshore e a incorporação de planejamento participativo. Uma das principais dificuldades do Planejamento Espacial Marinho é a escassez de dados sociais que podem ajudar no processo de tomada de decisão. O uso de metodologias participativas como a Cartografia Social, Matriz SWOT e o Método Q, podem ajudar neste diálogo entre usos tradicionais e conhecimento local com informações técnicas. Desta forma, é necessário inserir mecanismos que possibilitem a obtenção de dados e que garantam uma aproximação com a realidade. Deste ponto de vista, as metodologias participativas são ferramentas de captação de informação para democratizar o processo decisório e consequentemente minimizar conflitos.

Referências

AITKEN, M. et al. Practices and rationales of community engagement with wind farms: awareness raising, consultation, empowerment. Planning Theory & Practice, [s. l.], v. 17, p. 557-576, 2016. DOI: https://doi.org/10.1080/14649357.2016.1218919.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Sistema de Informações de Geração da ANEEL SIGA. 2020. Disponível em: < https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiNjc4OGYyYjQtYWM2ZC00YjllLWJlYmEtYzdkNTQ1MTc1NjM2IiwidCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZhMi05MmQ0LWVhNGU5YzAxNzBlMSIsImMiOjR9>. Acesso em: 20 jan. 2021.
BARRY, J.; PROOPS, J. Seeking sustainability discourses with Q methodology. Ecological Economics, [s. l.], v. 28, ed. 3, p. 337-345, march 1999. DOI: https://doi.org/10.1016/S0921-8009(98)00053-6.
BUANES, A. et al. In whose interest? An exploratory analysis of stakeholders in Norwegian coastal zone planning. Ocean & Coastal Management, [s. l.], v. 47, p. 207-22, 2004. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2004.04.006.
CHRISTMANN, J. P.; GRAEBIN, C. M. G.; BORGES, M. L. Mobilização social dos pescadores da praia do Paquetá (Canoas, RS): Tecnologia social e construção de memórias. in: semana científica unilasalle, 12., 2016, Canoas. Anais [...]. Canoas: Sepic, 2016. p. 1-5. ISSN 1983-6783. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2021.
CONNELLY, S.; RICHARDSON, T. Exclusions: The necessary difference between ideal and practical consensus. Journal of Environmental Planning and Management, v.47, ed. 1, p. 3–17, 2004. DOI: https://doi.org/10.1080/0964056042000189772.
COUTO, M. et al. A metodologia Q nas Ciências Sociais e Humanas: O resgate da subjetividade na investigação empírica. Edições Colibri, Lisboa, v. 25, n. 2, p. 7-21, jun. 2011. DOI: https://doi.org/10.17575/rpsicol.v25i2.285.
EDEN, S.; DONALDSON, A.; WALKER, G. Blackwell Publishing, Ltd. Structuring subjectivities? Using Q methodology in human geography. Royal Geographical Society, [s. l.], v. 37, ed. 4, p. 413–422, July 2005. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1475-4762.2005.00641.x.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. ROADMAP. Eólica Offshore Brasil: Perspectivas e caminhos para a energia eólica marítima. Rio de Janeiro, Brasil, 2020, 140p. Disponível em: < https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-456/Roadmap_Eolica_Offshore_EPE_versao_R2.pdf >. Acesso em: 10 jan. 2021
FIRESTONE, J.; KIRK., A strong relative preference for wind turbines in the United States among those who live near them. Nature Energy, [s. l.], v. 4, p. 311-320, 2019. DOI: https://doi.org/10.1038/s41560-019-0347-9.
FLANNERY, W. et al. Exclusion and non-participation in Marine Spatial Planning. Marine Policy, [s. l.], v. 88, p. 32-40, 2018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.marpol. 2017.11.001.
FRATE, C. A.; BRANNSTROM, C. How do stakeholders perceive barriers to large-scale wind power diffusion? A Q-method case study from Ceará state, Brazil, Energies v. 12, n. 11, 2063, 2019. DOI: https://doi.org/10.3390/en12112063.
GILLGREN, C. et al. Working together: collaborative decision making for sustainable Integrated Coastal Management (ICM). Journal of Coastal Conservation, [s. l.], v. 23, p. 959–968, 2019. DOI: https://doi.org/10.1007/s11852-018-0631-z.
GORAYEB, A. Cartografia Social e Populações Vulneráveis. Oficina do Eixo Erradicação da Miséria. Texto e Edição: Eliane Araujo. Laboratório de Geoprocessamento (Labocart) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fevereiro de 2014.
GORAYEB, A.; MEIRELES, A. J. de A.; SILVA, E. V. da. Princípios básicos de cartografia e construção de mapas sociais: metodologias aplicadas ao mapeamento participativo. In: GORAYEB, Ad.; MEIRELES, A. J. de A.; SILVA, E. V. da (org.). Cartografia Social e Cidadania: experiências de mapeamento participativo dos territórios de comunidades urbanas e tradicionais. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2015. p. 1-196. ISBN: 978-85-420-0778-7.
GWEC – Global Wind Energy Council. Global Wind Report 2019. Março. 2020. Bruxelas: Global Wind Energy Council, 2020. Disponível em: Acesso em: 07 jan. 2021.
HINDMARSH, R. Wind Farms and Community Engagement in Australia: A Critical Analysis for Policy Learning. East Asian Science, Technology and Society: An International Journal, [s. l.], v. 4, p. 541–563, 20 nov. 2010. DOI: 10.1007/s12280-010-9155-9.
INNES, J. E.; BOOHER, D. E. Reframing public participation: strategies for the 21st century. Planning Theory & Practice, [s. l.], v. 5, ed. 4, p. 419-436, 2 out. 2007. DOI: https://doi.org/10.1080/1464935042000293170.
LIMA D. K. S. et al., Estimating the offshore wind resources of the State of Ceará in Brazil. Renewable Energy, v. 83, p. 203-221, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.renene.2015.04.025.
MARTIN, K. S..; HALL-ARBER, M. The missing layer: Geo-technologies, communities, and implications for marine spatial planning. Marine Policy, [s. l.], v. 32, p. 779– 786, 2008. DOI: https://doi.org/10.1016/j.marpol.2008.03.015.
MOORE, S. A. et al. Identifying conflict potential in a coastal and marine environment using participatory mapping. Journal of Environmental Management, [s. l.], v. 197, p. 706-718, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2016.12.026.
REED, M. S. et al. A theory of participation: what makes stakeholder and public engagement in environmental management work?. Restoration Ecology, [s. l.], v. 26, p. 7-17, 22 ago. 2017. DOI: https://doi.org/10.1111/rec.12541.
REED, M. S. Stakeholder participation for environmental management: A literature review. Biological Conservation, [s. l.], v. 141, ed. 10, p. 2417-2431, 2008. DOI: https://doi.org/10.1016/j.biocon.2008.07.014.
RODRIGUES, I.; BARBIERI, J. C. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. Rap. Rio de Janeiro, v. 42, n. 6, p.1069-94, nov./dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0034-7612200800060000.
SILVA, A. J. V. C. Potencial Eólico Offshore no Brasil: Localização de áreas nobres através de Análise Multicritério. 2019. 102 p. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Planejamento Energético, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
SNEEGAS, G.; BECKNER, S.; BRANNSTROM, C.; JEPSON, W.; LEE, K.; SEGHEZZO, L. Using Q-Methodology in Environmental Sustainability Research: A Bibliometric and Systematic Review,” Ecological Economics v. 180, 106864, 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ecolecon.2020.106864.
SPYRIDONIDOU, S.; VAGIONA, D. G. Systematic Review of Site-Selection Processes in Onshore and Offshore Wind Energy Research. Energies , [s. l.], p. 1-26, 12 nov. 2020. DOI https://doi.org/10.3390/en13225906.
TAVARES L. F. A. et al. Assessment of the offshore wind technical potential for the Brazilian Southeast and South regions. Energy, v.196, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.energy.2020.117097.
TOKE, D. Explaining wind power planning outcomes: Some findings from a study in England and Wales. Energy Policy, v. 33, p. 1527–1539, 2005. DOI: https://doi.org/10.1016/j.enpol.2004.01.009.
XAVIER, T.; GORAYEB, A.; BRANNSTROM, C. Energia Eólica Offshore e Pesca Artesanal: impactos e desafios na costa oeste do Ceará, Brasil. In: MUEHE, D.; LINS-DE-BARROS, F. M.; PINHEIRO, L. (orgs.) Geografia Marinha: oceanos e costas na perspectiva de geógrafos. Rio de Janeiro: PGGM, 2020. p. 608-630. ISBN 978-65-992571-0-0.
Publicado
12/08/2021
Como Citar
SILVA, Giovanna de Castro et al. A IMPORTÂNCIA DO USO DE METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS NA TOMADA DE DECISÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS-ENERGÉTICOS OFFSHORE NO BRASIL. REDE - Revista Eletrônica do PRODEMA, Fortaleza, v. 1, n. 15, p. 61-70, ago. 2021. ISSN 1982-5528. Disponível em: <http://www.revistarede.ufc.br/rede/article/view/698>. Acesso em: 26 abr. 2024.